De volta à sala de aula

Nos períodos finais da graduação em Música, ingressei na Residência Pedagógica

Nesse ano, iniciei uma nova fase em minha vida acadêmica: a Residência Pedagógica. Mais que necessária para que eu possa concluir minha graduação em Música, esse “desafio” exige que eu enfrente um dos – digamos – “medos” que qualquer pessoa que passa dos 30 anos tem: adolescentes! E em sala de aula!

Me formei em Jornalismo em 2011 (mas atuo na área desde 2006). Três anos depois, resolvi prestar vestibular para Licenciatura em Música. Mas só por “esporte” (para testar se minha mente ainda estava “saudável” para esse tipo de coisa).

Digo “esporte”, porque não era meu foco naquele momento estudar música. Tanto que já estava me mobilizando para tentar um mestrado na área de Comunicação (de preferência, em Portugal). E por se tratar de uma licenciatura, eu não estava muito animado para lecionar em sala de aula. Então, fiz só por fazer mesmo. Sem qualquer pretensão.

Mas aí, em 2015, sai o resultado do vestibular, onde fui aprovado. Aí, não teve jeito: o projeto mestrado teve que ser adiado. Então, tive que aceitar que era uma boa oportunidade para aprimorar os conhecimentos musicais, uma vez que estou na área desde criança. Mas nunca tinha encarado um estudo mais “teórico” a fundo.

Foi então que no mesmo ano iniciei o curso. Já tinha completado 30 anos, mas até que não me senti tão deslocado entre a maioria formada por jovens recém-saídos do ensino médio. Os dois primeiros semestres, como já é de praxe em qualquer faculdade, foram maravilhosos. Era muita cantoria por todos os lados.

(Houve até uma vez em que todos os calouros estavam no corredor, esperando a próxima aula, quando invento de iniciar os vocais de “The Lion Sleeps Tonight” – aquela famosa versão do “The Tokens”. Não demora e os demais colegas já emendam com “Wee-ooh wim-o-weh! Wee-ooh wim-o-weh“, cada um nas suas respectivas vozes – sopranos, contraltos, tenores e barítonos. Foi antológico!).

Mas, como já falei em outra ocasião, com o tempo, acabei desanimando e por pouco não desisti do curso. Os motivos são vários. Desde as mudanças de grade curricular, cargas excessivas de trabalho em meu emprego, até as insuportáveis doutrinas progressistas no campo da educação. Mas, apesar de tudo, consegui retornar.

Porém, me atrasei bastante. E tenho uma extensa carga horária ainda a ser cumprida. E a Residência Pedagógica (uma espécie de estágio, só que com mais práxis), veio em boa hora. Pois, além de substituir as disciplinas de estágio (quatro no total, todas obrigatórias), também envolvem bastantes atividades complementares.

Enfim, agora em fevereiro tive meu primeiro contato com a sala de aula. Estou com duas turmas, sendo uma do 8º ano e outra, do 9º. Uma galera bem divertida e animada, especialmente a primeira (bota animada!!!!). E vou dizer: essa primeira experiência com o dia a dia escolar está sendo bem interessante.

Como eu disse, estar diante de adolescentes costuma ser um pesadelo adulto. Mas para mim, não tenho tantos problemas. Primeiro, porque foi bem legal voltar a uma sala de aula no ensino básico após quase 20 anos, que é o tempo que deixei o ensino médio. Fico diante de uma geração completamente diferente da minha, que deixou a escola no início dos anos 2000.

E segundo porque não fico assim tão “distante” da realidade de adolescentes quando se é cristão, com bastante atividade no dia a dia da igreja. Nesses 20 anos já liderei grupos jovens, dei aulas na escola bíblica dominical para guris de 12 a 15 anos. E dei aulas de músicas também. Então, estou sempre em contato com outras “gerações”.

O legal na residência é que sou meio que um “velho” na sala de aula. Na primeira aula com a turma do 8º ano, eu estava com uma colega, também residente, e fomos apresentados à turma pela professora. Esta colega é bem mais nova que eu. E aí, quando a professora disse: “Classe, vocês viram que temos duas pessoas novas na sala, né?”, um dos alunos já disse logo: “Nova, só uma, né, professora?”. Obviamente, não era de mim a quem ele se referia.

E agora – mais precisamente ontem (2) -, eu estava distribuindo nas mesas dos alunos (também do 8º ano) algumas atividades criadas pela professora preceptora, quando uma aluna me diz:

– “Professor”! Posso lhe dizer uma coisa, com todo o respeito?

– Sim. Sem problemas.

– A sua “careca” brilha muito, ó!

Eu só pude sorrir e seguir para a próxima cadeira. Serão dois longos [e divertidos] anos pela frente.

3 comentários em “De volta à sala de aula

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      1. >>Ainda não conheço esse R&R

        Esse tal de *Rock & Roll*, Fábio. 🙂

        Obrigado pelo feedback sobre meu som.

        Desculpe o atraso. tmj.

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